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Iniciativa e Liberdade Pessoal

Cartas aos Estudantes nº 20, Julho de 2012.

O que você acha que foi o ponto principal da lição passada? (Carta nº19) O ponto principal foi o relacionamento com as minhas experiências, pois, embora os Estudantes as tenham achado de grande valor, na realidade elas são insignificantes, salvo se serviram para transmitir um ensinamento benéfico a partir delas. O valor mais importante da lição do mês passado foi a enfática e reiterada insistência sobre a absoluta liberdade pessoal na Fraternidade Rosacruz.

A esse respeito, os Ensinamentos dos Mistérios do Ocidente diferem radicalmente dos que são fornecidos às almas mais jovens do Oriente, onde cada um tem o seu Mestre – um déspota a quem deve servir como escravo em todas as coisas, da mesma forma que fez “Kim” com o guru a quem seguia, pois há muita veracidade na história de Kipling. Há a obediência absoluta e inquestionável às ordens do Senhor externo, a quem vê e segue fisicamente; esse é o meio para o adiantamento espiritual; o discípulo não tem nenhum direito de escolha ou qualquer privilégio, tampouco ele tem responsabilidades.

Entre as almas mais velhas do Ocidente, que aspiram ao crescimento espiritual, não pode haver nenhum Mestre ou Guia. Nós temos que aprender a ficar sozinhos. Nós até podemos não gostar disso, e até podemos querer um Mestre ou Guia para nos livrar de responsabilidades. E neste fato está o motivo, segundo eu creio, pela qual tão grande número de pessoas inteligentes e cultas tem ingressados em círculos espiritualistas ou sociedades que proclamam os ensinamentos do Oriente. Evoluídos acima do desenvolvimento normal do Ocidente, eles sentem o Grande Além os atraindo, como o amplo espaço do céu azul atrai o passarinho que, apesar do medo, confia em suas asas inexperientes; mas o impulso interno os compele; e receosos de confiar em si mesmos, eles agarram ansiosamente a mão de “Mestres” ou “Guias Espirituais” ou, até, outros nomes que são dados, com a esperança de obter, com a ajuda desses, o poder espiritual. No entanto, a criança para aprender a andar deve engatinhar e cair no chão; deve se levantar e tornar a cair. A experiência é desagradável, mas inevitável, e isso é preferível às consequências que acarretariam atá-la a uma cadeira para evitar as quedas; nesse caso, os membros superiores e inferiores lhe seriam inúteis. E então, o mesmo acontece com os poderes espirituais latentes dos infelizes que estão sob o domínio nefasto (para os Ocidentais) dos Guias Espirituais e dos Mestres Orientais.

O “Professor” Ocidental é mais parecido como um “pássaro pai” ou “pássaro mãe”, que empurra os seus pequeninos para fora do ninho, se eles não quiserem sair por si mesmos. Podemos nos lastimar, mas temos que aprender a voar. Tomem o meu próprio caso como exemplo: empurrado para o mundo, fui incumbido de divulgar os Ensinamentos Rosacruzes; e aqui você pode ter certeza de que, muitas vezes, me faltou a respiração à medida que percebia quão gigantesca era tal missão e quão insignificantes éramos a Augusta Foss Heindel e eu. Muitas vezes, quando sentíamos que o trabalho nos ia derrubar, oramos e oramos por ajuda, mas ao olharmos para trás, podemos ver as lições que aprendemos com a batalha.

Algumas vezes, os amigos comentavam: “Oh, como gostaríamos de ter mais recursos financeiros para construir a Ecclesia e Escolas, para que o trabalho pudesse ser levado ao mundo com maior resultado”; mas, nos apercebemos que existem outras lições ante nós e que, quando estivermos prontos, os meios virão para uma maior extensão virão; até lá, as nossas asas precisam de mais treinamento.

O mesmo acontece com todos os associados da Fraternidade Rosacruz. Devemos aprender a lição do trabalho para um fim comum, sem lideranças; cada um, inspirado pelo Espírito do Amor interno, deve se esforçar pela elevação física, moral e espiritual de todo o mundo até alcançar a estatura de Cristo – o Senhor e a Luz do Mundo.

Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nº 20 – Julho de 1912.

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