AQUELA OUTRA VIDA

Por W. A. Rowdon

Existe uma vida que ultrapassa os limites das possibilidades materiais. Essa vida pode ser vivida por qualquer pessoa. Jacob Boehme denominou-a de “A vida supersensível” que está “acima” e é independente dos sentidos.

Na verdade, os sentidos físicos aprisionam e excluem a possibilidade de experimentarmos essa vida espiritual, que é cheia de alegria e de conhecimento sólido. Alcançamos uma leve apreciação dessa vida, às vezes, quando nossas mentes não estão ocupadas com as demandas dos sentidos. Por exemplo, no meio da natureza, sobre a vastidão do oceano ou entre colinas e montanhas, conseguimos experimentar uma paz maravilhosa que acalma a agitação da mente. Neste estado, ficamos mais próximos da dimensão supersensível mencionada.

Infelizmente, as peculiaridades e necessidades da existência física impedem de desfrutarmos dessa paz. Entretanto, uma vez que ganharmos consciência de sua mensagem, as coisas transitórias da vida física, que até então considerávamos vitais para a felicidade, assumem aspecto diferente. Elas se tornam marcos em nosso caminho pela vida, pelos quais medimos nosso progresso. Percebemos que os assuntos materiais não têm importância em si mesmos, mas são valiosos como lições das quais a verdade deve ser extraída*.

Se falharmos em uma empreitada, não é hora de ficarmos deprimido. O que deve ser feito é o uso da inteligência espiritual: existe neste erro uma lição a ser aprendida. É devido as nossas próprias falhas que desenvolvemos simpatia e procuramos ser tolerantes com os outros que também falharam em suas próprias empreitadas. É sabido que quem compreende as esperanças humanas é capaz de oferecer palavras de conforto para corações desanimados. Mas, e quando consideramos aqueles que falham bastante, porém continuam tentando; será que elas não podem oferecer palavras de sabedoria, a partir de seus erros? Isso será possível se elas alcançarem um senso de proporção entre seus fracassos e o significado interno dos mesmos. Os erros nos ensinam muitas coisas, e neste sentido, a pessoa que erra também pode servir.

Quem conhece o grande trabalho que ocorre após deixarmos a existência terrena, sabe que a vida após a morte está cheia de energia pulsante, de correção dos nossos erros, de sabedoria para planejamentos futuros e preparação para oportunidades novos crescimentos. O verdadeiro significado da vida, com suas tristezas, sucessos, fracassos, medos, esperanças, alegrias, entre outros, será revelado de maneira abrangente após a morte. Esse significado estimula o Espírito a desenvolver sua própria criatividade para as novas oportunidades.

O vasto esquema de evolução no qual todos estamos intimamente envolvidos está gradualmente se revelando diante da mente humana. Pessoas grandiosas estão contribuindo para o crescimento espiritual da humanidade. As obras da Fraternidade Rosacruz são expressão dessa ajuda. A vida supersensível é vivida hoje por muitos dos seguidores que perceberam as verdades eternas. Com que frequência uma verdade é percebida pela intuição! Viver a vida necessária nos dá o direito de provar tudo que nos é ensinado e ajuda a acelerar nossa evolução sob a orientação de Deus.

— Monsieur le Curé — disse Jean Valjean —, você é bom e não me despreza. Você me recebe como um amigo.

O bispo, que estava sentado ao seu lado, tocou suavemente sua mão.

— Você não precisava me dizer que era; esta não é minha casa, mas a Casa de Cristo. Essa porta não pergunta a quem entra, se ele tem um nome; mas pergunta se tem uma tristeza; um sofrendo; se está com fome e sede, e, portanto, você é bem-vindo!… Por que eu gostaria de saber o seu nome? Além disso, antes de você me dizer, eu já sabia.

O homem abriu os olhos espantado. É verdade? Você sabe o meu nome? — Sim — disse o bispo —, você é meu irmão.

Victor Hugo

(Traduzido da revista Rays from the Rose Cross, 1916, Julho, No. 3, Vol. 05).

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